Rúben Rebêlo
O Homem é o ser das questões. A sua interminável busca em descobrir quem é tornou-se um dos seus grandes elementos caraterizadores. Os caminhos tortuosos da verdade remetem-no a inúmeras inquisições. Qual é a sua história? Que práticas realizou? Que pessoas conheceu?
Os Estados Unidos da América desdobraram-se perante os meus olhos como muito mais do que a tão proclamada terra dos sonhos. Proporcionaram-me uma viagem a alta-velocidade àquilo que ultrapassava, em grande escala, o meu campo de visão.
Admito-o desde já: é-me impossível resumir tudo aquilo que gostaria de partilhar. Foco-me, então, em transmitir o essencial ao possível leitor. Enumerar o que experienciei, apesar de importante, não é suficiente. É necessário um processo de introspeção com o intuito de perceber de que forma esta viagem me mudou e, é claro, mostrar como experiências idênticas poderão afetar futuros participantes.
Todos nós temos certos valores, intrínsecos ou desenvolvidos durante a nossa vida. Inexplicáveis são aqueles momentos em que descobrimos palavras ou conceitos, pensados por alguém, que se adequam perfeitamente àquilo que se desenrola na nossa mente. A Fulbright proporcionou-me um destes momentos ao introduzir-me ao conceito de Social Entrepreneurship. Antes completamente ignorante quanto ao seu significado, identifico-me agora com ele.
A capacidade de analisar a sociedade, de identificar os seus problemas e de resolvê-los através de uma atitude empreendedora é algo certamente brilhante. A simbiose entre a preocupação social e o desejo de obter sucesso económico constitui a perfeita double bottom line, expressão que surpreende pela forma como conceitua os desejos e ideias de muitos.
Ora, apresentar um conceito não justificaria uma estadia de cinco semanas nos Estados Unidos da América. Na realidade, a educação que nos foi dada, a mim e ao grupo de 19 jovens de toda a Europa, estende-se muito para além disso. Foram-nos dadas inúmeras ferramentas, que, por sua vez, nos permitiram alargar uma série de áreas do conhecimento.
Em primeiro lugar, certamente essencial para que tudo o resto se concretizasse, introduziram-nos à definição de empreendedorismo social através de aulas com os melhores professores da Kelley School of Business, docentes que normalmente lecionam a estudantes de mestrado (habituadíssimos ao rigor!).
Em segundo lugar, iluminaram-nos quanto à aplicação prática desta filosofia, através de inúmeras palestras e visitas a empresas de sucesso. Esta foi, sem dúvida, uma das partes mais enriquecedoras do programa, uma vez que nos foram dadas a conhecer, não só uma boa parte da economia de Bloomington, como também empresas sediadas em Washington (deixo o exemplo da Ashoka, organização pioneira no campo da inovação social, que assistiu a algumas das nossas apresentações).
Em último lugar, o verdadeiro objetivo do programa: o incentivo à aplicação do que foi aprendido. Deram-nos a perceber que estávamos a iniciar um percurso que poderia, dependendo da nossa vontade, prolongar-se para o resto da nossa vida.
Experiências como esta são raras. Raras, mas existem. Se existem, há que aproveitá-las! A quem desejar aproveitá-las, posso garantir uma coisa: vale a pena. Os esforços, as dores de cabeça e as horas dedicadas ao trabalho e às aulas. A união do grupo, as lágrimas, risos e abraços. O cansaço, o orgulho. A interminável curiosidade. A combinação é explosiva, culminando, enfim, em algo verdadeiramente inesquecível.