My Fulbright Experience: Sofia Leite
“O primeiro dia de bicicleta.”
“Na biblioteca de Harvard, a escrever um artigo que vim a publicar.
“A dança, outra faceta importante!”
«Os 6 meses da minha bolsa foram uma maravilha. Cruzaram-se no meu caminho muitas outras oportunidades, das quais felizmente consegui usufruir! Pelo lado de dentro, esta estadia de 6 meses demorou a assentar porque foi realmente transformadora. No fundo, permitiu-me perceber que, do lado de lá, está outra metade minha. “Lá”, em termos científicos, recebi uma bolsa para estar presente numa conferência do meu tema, coordenada por um dos “grandes” investigadores da área, fiz um pequeno estágio num laboratório da Florida University, participei em outras reuniões e apresentações, conheci pessoas fantásticas, às vezes na mesa de café em baixo de minha casa. Em termos de viagem, de “exchange”, visitei New York muitas vezes, entre outros lugares magníficos, integrei o grupo de uma coreógrafa (Adrienne Hawkins) de modern jazz dance, ainda percorri alguns palcos!, descobri uma ligação que ainda hoje mantenho com o pianista das aulas assíduas de ballet clássico, li, caminhei, conheci pessoas, mantenho laços. Estabeleci uma ligação de segunda família com o meu orientador, sua mulher e filhos da minha idade, com quem fiquei durante os 6 meses. Exemplos tão queridos: como surpresa, comprou-me uma bicicleta para ir às aulas de ballet/dança diárias “sem perder tanto tempo de caminho”. Quando íamos jantar fora, referia-se a mim/nós como “my kids”, o que me aquecia o coração. Conversávamos muitas vezes sobre coisas da vida, encontrei nele um verdadeiro mestre.
Voltei a Boston no ano seguinte por 1 mês e meio, conduzida por oportunidades de investigação: uma conferência e outro estágio na Florida University, a par de uma visita à minha segunda família. De regresso ao Porto, passado pouco tempo engravidei. Durante a gravidez, escrevi e finalizei a tese de doutoramento com calma e defendi-a com a minha pequena Maria, 2 meses, nos braços. Neste intervalo, já a minha segunda família tinha viajado duas vezes até cá, a segunda destas viagens na defesa do doutoramento. O tema do meu doutoramento, que na altura era ainda uma concepção, uma prova de conceito, hoje faz parte de centros de investigação de duas faculdades da Universidade do Porto (Faculdade de Medicina e Faculdade de Engenharia), e integra uma linha de investigação que gostaria de iniciar relativa a dados de saúde, mais especificamente associados à saúde mental, que é a minha formação base e à qual, felizmente, regressei em 2017. Em 2020, iniciei outra caminhada e fundei um centro terapêutico (www.relib.pt).
Hoje, já com dois filhos, penso em voltar aos EUA. Afinal, parte de mim estabeleceu-se lá, sem dúvida.».
Muito obrigada, Sofia!