Na primeira pessoa, Patrícia Correia Santos partilha connosco a sua experiência Fulbright. Ao abrigo de uma Bolsa Fulbright para Investigação com o apoio da FCT (20/21) e no âmbito do seu doutoramento em Psicologia Aplicada da Universidade do Minho, Patrícia desenvolveu parte da sua pesquisa em “Complex post-traumatic stress disorder” (CPTSD) na University of Connecticut – Health Center, Farmington, CT, EUA.

 

«Em Janeiro de 2020, com 41 anos de idade, candidatei-me a uma bolsa Fulbright com o apoio da FCT, com o objetivo de rumar a Connecticut – USA, em Fevereiro de 2021. Nunca tinha viajado sozinha para fora do país, muito menos para o outro lado do Atlântico! Mas era uma bolsa Fulbright… não podia deixar de aproveitar esta oportunidade! Não bastasse já toda a ansiedade de me aventurar sozinha no mundo, por 4 meses, em Março de 2020 chega a Portugal uma pandemia com vontade de ficar – não só em Portugal, mas por todo o mundo!

Isso fez com que a partida para os USA fosse um desafio acrescido!! Foram entrevistas na Embaixada Americana adiadas duas vezes, devido a um país (Portugal) em confinamento. Foram datas na documentação que, devido aos adiamentos impostos pela pandemia, não estavam corretas e que precisaram ser retificadas, quando já tinha a viagem marcada. Foi um sistema informático que não colaborou na emissão do passaporte atempadamente para viajar e obrigar à alteração da viagem!! Aliado a tudo isto, a incerteza da possibilidade ou não de viajar, da possibilidade ou não entrar nos USA e mesmo, no estado de Connecticut! Enfim, foi todo um conjunto de situações que me fizeram pensar algumas vezes “Será que é melhor cancelar?”

Eu sabia que se cancelasse, muito provavelmente não voltaria a ter esta oportunidade! Não podia deixar as minhas dúvidas e os meus medos vencerem!

Depois de todos estes percalços, a 12 de Março de 2021 chego finalmente a Connecticut, onde fui recebida de forma bastante cordial! Fiquei alojada na linda cidade de West Hartford, onde tive a oportunidade de conhecer várias pessoas extraordinárias. A diversidade cultural com a qual tive oportunidade de tomar contacto foi fenomenal!

West Hartford

 

Após alguns dias de quarentena obrigatória, a 1 de Abril de 2021, começo o meu estágio presencial na UConn Health, uma das Universidades Públicas mais prestigiadas dos USA. Na altura em que iniciei o meu estágio, a maior parte das pessoas estavam em casa, e em teletrabalho, pelo que quase parecia uma Universidade fantasma!

Mas o melhor de tudo, para mim… O Prof. Julian Ford, que foi o meu supervisor, por opção estava em trabalho presencial. Ter tido a oportunidade o conhecer, aprender e trabalhar com o Prof. Ford foi “um sonho tornado realidade”, porque o Prof. Ford é uma das referências mundiais na minha área! O plano de trabalhos que tinha sido proposto inicialmente (pré pandemia), teve de ser alterado, mas o que iniciou em Abril, nos USA, continua agora aqui em Portugal. Continuamos a trabalhar juntos, à distância de uma videochamada!

(Foto tirada no último dia de estágio, quando já estávamos todos vacinados!)

 

Tive ainda a oportunidade de conhecer e de privar outras pessoas fantásticas, na UConn, com as devidas precauções. Mais ainda, tive a oportunidade de ir a Nova Iorque com uma das minhas companheiras de casa – a Aditi – e foi um fim de semana esplêndido! Desde estar na emblemática Times Square onde à noite, parecia dia!, caminhar na ponte de Brooklin, comer NY pizza na relava do Central Park, visitar o 9/11 Memorial, subir ao The Vessel (e sentir-me no topo do mundo!), aventurar-me em China Town… foram tantas as memórias construídas em 2 dias… Fica a vontade de lá voltar “ASAP”!

The Vessel
vista do The Vessel

 

Como resultado desta minha estadia nos USA, houve algo que não estava previsto “no plano” e que me deixa de coração cheio! Em várias ocasiões a Aditi e eu conversamos, aprendemos uma com a outra, fizemos brainstorming, debatemos projetos e partilhamos histórias de vida. As nossas conversas inspiraram a Aditi a concorrer ela própria a um mestrado ao abrigo de uma Bolsa Fulbright! Tive a honra de poder ler o seu projeto de candidatura, e em breve será a Aditi a viajar até à Finlândia e contribuir para esta missão.

Sabia que fazia parte da experiência, levar o melhor de mim para os USA, mas saber que para além de tudo o que ganhei com a Fulbright, ainda tive a oportunidade de inspirar outra pessoa, é uma sensação simplesmente fenomenal!

“One connection at a time, Fulbright brings people closer together and moves nations closer to a more peaceful world” (site Fulbright Portugal) – É muito bom sentir que contribuí para a verdade desta afirmação!

Vencer todas as dúvidas e medos, foi o melhor que podia ter feito!»

 

Muito obrigada, Patrícia, e welcome back!

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