My Fulbright Experience: Bruno Guerreiro
«A minha estadia na Universidade da Califórnia-Berkeley foi uma grande incubadora de progresso a nível profissional. Estive no laboratório de criopreservação do Professor Boris Rubinsky, que tem mais de 50 anos de experiência na área. Profissionalmente, os americanos têm esta simplicidade e eficiência que não encontrei ainda em Portugal. O progresso parece acontecer rápido e de forma fluída e quando nos deparamos com uma situação, já estamos a surfar nessa onda. As conversas são simples e eficientes mas altamente intelectuais. O meu trabalho de investigação teve uma orientação investigadora de grande valor. Fui sempre orientado no bom caminho e na escrita do artigo que teve origem no meu trabalho, tive uma noção completamente diferente do que é feedback. O feedback americano é convidativo, afável e straight to the point. As revisões que obtive do meu trabalho não eram ordens ou tarefas mas exercícios de aprendizagem. Pela primeira vez, senti que a revisão de um manuscrito meu estava dotada de muito ensinamento. O que mais me marcou foi quando o Matt, o pós-doc do laboratório, reviu o meu trabalho extensivamente e ligou-me a perguntar o que eu achava das suas revisões – eu, que sabia exponencialmente muito menos do que ele. E foi neste convite à colaboração, que a cultura americana me fez sentir que somos inteligentes também, que fazemos parte do processo também.
A nível pessoal, Berkeley serviu para alterar a minha perspetiva do que é estar em Portugal. Não diria que gosto mais ou menos. Gosto de maneira diferente. Observo tudo com olhos da experiência internacional que tive, com mais paciência, mais tolerância, mais flexibilidade perante as dificuldades. É muito fácil cair na armadilha de nos sentirmos auto-intitulados a ter as coisas de uma maneira fácil, quando não conhecemos outra realidade. Hoje vivo e trabalho em Portugal sabendo o que há do outro lado do mundo. Escrevo em português mas penso em americano. O presente está em Portugal, mas o futuro está realmente onde nós nos aventurarmos a explorar, pois a diferença entre Portugal e os USA não é nenhuma: a cultura, os interesses, a alimentação, os padrões sócioculturais… diria que 90% é sobreponível. Senti um choque cultural maior ao regressar agora a Portugal, do que propriamente durante a minha estada nos USA. Os 10% está na nossa mentalidade: podemos chamar “casa” a qualquer lugar, se apenas soubermos “sair da caixa”.
Aconselho qualquer pessoa a ter uma experiência internacional: não pelo país, não pelos costumes ou tradições – mas pela mudança de perspetiva, que faz mais diferença nas nossas vidas do que tudo o resto combinado. Podemos sair e voltar a Portugal durante 6 meses e tudo permanecer idêntico e imutável – mas os nossos olhos saberão ver a diferença.».
Muito obrigada, Bruno, welcome back!