«É precisamente aprender aquilo que me permite Philip Hosay, o Professor que desde há décadas faz com que o programa aconteça. A apoiá-lo (a apoiar-nos) está uma equipa que mesmo nos tempos livres se revela disponível e proactiva, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, ao longo de um mês e meio: Sebastian Cherng, Jonathan Friedman, Jia-Lin Liu e Naomi Moland, os principais.

“The Reconciliation of American Diversity with National Unity” – eis o tema do programa. A bibliografia está no quarto de cada um. A instituição anfitriã é a New York University. É nas instalações da NYU que assistimos às aulas, às palestras, às mesas-redondas. É principalmente aí que dialogamos com os nossos convidados. O que se aprende, no entanto, vai muito além desse espaço e desse tempo. Há visitas guiadas por diversos pontos da cidade e dos seus bairros, há espectáculos na Broadway, há basebol no Central Park, há música na Juilliard, há, enfim, uma infinidade de actividades – em Manhattan e não só. Vamos a Brooklyn, vamos a Queens, vamos aqui e ali e a meio do caminho já não estamos em New York City.

Quatro dias em New England, de Old Boston a Lowell, ajudam-nos a perceber o impacto da industrialização e da imigração nas estruturas comunitárias tradicionais e a verificar em que medida tradições democráticas facilitam a incorporação de diversos grupos de migrantes; quase uma semana em New Mexico, de Santa Fe a Taos, começando e terminando em Albuquerque, é suficiente para que observemos padrões de confrontação étnica e assimilação na fronteira; finalmente, um fim-de-semana alargado em Washington D.C., com visitas ao Capitol, à White House e a uma série única de museus e de memoriais, auxilia-nos na compreensão do processo democrático nos EUA e do modo como este difere das práticas democráticas noutros países.

Para lá das aulas, das visitas e das viagens contempladas pelo programa, há ainda espaço para que os participantes ocupem da melhor maneira o seu tempo livre, seja a relaxar, a explorar as cidades visitadas, a estabelecer novos contactos ou a desenvolver o estudo em curso. A aprendizagem faz-se de diferentes maneiras – o programa MIAS mostra-nos como elas podem ser complementares.

Ao longo de seis semanas tive a oportunidade de ouvir, de dialogar, com professores e investigadores de várias universidades, com membros de diversas instituições cívicas e com um grupo de cidadãos especialmente activos. Com todos eles, e muito em particular com cada um dos meus colegas, hoje meus amigos, professores dos quatro cantos do mundo, aprendi muito mais do que alguma vez esperei. As portas estão abertas para que a partilha continue.

Hoje sinto-me muito mais habilitado para, de diversos modos, abordar algo cuja riqueza, especificidade e complexidade é incompatível com respostas simplistas: os Estados Unidos da América. Aprofundei a minha compreensão da cultura, da sociedade, da história, dos valores, das tradições e das instituições do país. Fi-lo no próprio país, vivenciando a cada momento aquilo que via, que ouvia, que lia. O meu currículo foi alargado, não apenas formalmente, mas em termos substanciais.

Resta-me aproveitar a dádiva e, das mais diversas maneiras, com destaque, claro está, para aquelas que se prendem com a actividade académica, contribuir para que outras pessoas, de Portugal e do mundo, também possam ter acesso, rigoroso, completo, e, por isso, privilegiado, à cultura e à sociedade dos Estados Unidos da América, a uma riqueza que já tanto me enriqueceu.»

João Lemos | Study of the U.S. Institute on U.S. Culture and Society 2017

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